Pesquisar este blog

domingo, 27 de outubro de 2019

EJA - Uma Ação Política do Ensinar

Essas cinco semanas de estágio na EJA têm sido de muitas provações, mas acima de tudo de muitos aprendizados, pois, é nítido que a alfabetização de adultos perpassa a pura e simples questão pedagógica do conhecimento das letras e números; é sim, antes de tudo, uma forma subversiva de resistir ao sistema.De enfrentar, o antes impensável, mundo do saber. Não o saber adqueirido, empírico, de mundo, mas o saber que se encontra nos livros.

É bom lembrar que a maior parte dos estudantes que hoje frequentam esta modalidade de ensino - para adultos - não estão naquela situação somente por que querem, mas pelo sentido de dever, de cidadania, de vir a ser no mundo. Há claramente nos olhos de cada um a fome de aprender. O desejo de dominar as letras e com elas uma outra forma de ver o próprio mundo. 

Essencialmente, essa necessidade intrínseca de todo o ser humano, a de saber, se manifesta nesses estudantes, de maneira contundente. Não sem dificuldades, é claro, mas com paixão.

É, portanto, essencial, que antes de ser o educador alfabetizador, o professor também consiga enxergar esse universo do estudante da EJA, com as lentes da gente trabalhadora que se desloca a cada dia, muitas vezes, com o cansaço estampado nos olhos, pelo longo dia de trabalho, em sua maioria, trabalhadores braçais.

Desenvolver esse olhar empático, é a única forma de também olhar sob as lentes de quem até hoje leu e viveu sem as letras, mas que agora emerge, com a necessidade de nascer de novo,relendo a própria vida. 

terça-feira, 15 de outubro de 2019

A Saga de uma Professora

É sabido que quando se fala muito de um dia, é porque tem coisa, tipo, onde há fumaça, há fogo! E num país que sobra farmácia e falta saúde, o mesmo se dá com a educação! Lembremos: 1) dia da mulher - aquela baboseira na mídia de “mulher é tudo de bom”, e assistimos estarrecidos a mulher ser desqualificada moralmente, rebaixada, mal-paga e morta.., a todos os instantes; 2) dia das mães - a mãe tbm é mulher! E à parte do “padecer no paraíso”, foi esquecido o não menos diário “padecer tbm no inferno”, pois num país que tira os filhos de suas mães, não dá condições pra mulher ainda decidir sobre se quer ou não ser mãe, desiguala as condições de mercado de trabalho; ser mãe é quase como estar na linha tênue entre perder de vez a identidade ou virar a mãe do Coringa! Vc é o outro! Os outros, menos vc! 3) dia do(a) professor(a) - a maioria do professorado é mulher! E vejam só, a maioria tbm é mãe! Uma sina para algumas! Trabalhar, educar e ainda ter tempo de cuidar da própria família, dos filhos! Tudo poderia ser normal, como em outras profissões se, essa mesma professora-mãe-mulher, tivesse um salário digno, condições de trabalho adequadas, formação contínua, segurança no local de trabalho! Hoje, o excelentíssimo governador iniciou o pagamento (mês 09) do magistério. Será um presente? Se for, continuamos com os cavalos de Tróia mensais, assim como esse dia!



segunda-feira, 7 de outubro de 2019

Início da Jornada de Estágio

Meu estágio na Escola Municipal Vila Monte Cristo iniciou no dia 19 de setembro e hoje, 06 de outubro, começa a 3ª semana junto aos meus alunos da turma T3 da EJA, noturno.

A cada dia tem sido um desafo diferente, mas não menos interessante, visto que poder oportunizar às pessoas o acesso a um aprendizado significativo faz parte de todo o conjunto de estratégias e concepções em torno do meu trabalho como Professora e futura Pedagoga, além da minha formação acadêmica como aluna do PEAD-UFRGS.

Assim, tenho feito minhas adaptações pedagógicas, curriculares e metodológicas em relação aquilo que pretendo com meus estudantes, pois, sondando seus desejos e formas pessoais de como se veem na posição de alunos da EJA, as opiniões são unânimes: todos querem ler bem, escrever bem, entender os princípios básicos da matemática e ter um pouco mais de conhecimento sobre o mundo.

Ouvindo essas falas vindas dos estudantes, entende-se porque a EJA é também um construto de política pública, pois visa dominuir a carga da falta de escolarização desses adultos que, por motivos, em geral, sócio-econômicos e culturais não tiveram a oportunidade de acesso à escola em seus tempos de criança ou adoleescentes. 

Dessa forma é papel da escola, do professor e de toda a sociedade o oferecimento de uma educação que faça sentido a essas pessoas e que possa, mesmo dentro do curto período de estágio, proporcionar aprendizagem e saberes que se agregarão aos já adquiridos pelos alunos.